Direto de Detroit: como a GM quer se aproximar dos jovens

A partir da esquerda, 140, Chaparral e 130 no centro da arena do centro de design da GM

Era fim de tarde de quinta-feira em Warren, região metropolitana de Detroit (EUA), quando a presidente mundial da General Motors, Mary Barra, presenciou o pequeno evento que marcou a reinauguração do “Domus”. Visto de fora, o local parece o Planetário. Por dentro, é uma espécie de arena. No centro dele, repousam aqueles que são o assunto principal: os carros. Em um dos lados, há um palco.

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É no “Domus”, anexo ao maior centro de design da montadora no mundo – há outros sete, inclusive um em São Caetano do Sul -, que a GM apresenta seus conceitos e carros à sua diretoria. O local passou por reforma, foi reinaugurado ontem e, nesta sexta-feira, visitado por um grupo de jornalistas brasileiros do qual faz parte esta que vos bloga. No cento da arena estão expostos os três carros que sintetizam aquela que parece ser a maior preocupação dos estilistas da GM: o apelo junto ao público jovem.

Protótipo 140 (acima e abaixo): vem aí o novo Cruze?

Na própria apresentação feita por um dos diretores de design da empresa, Clay Dean, ficou claro que a GM ainda precisa ralar muito para ter apelo forte junto à juventude. O executivo citou algumas marcas que são referência para os jovens americanos. Entre elas estão MTV e… Toyota. Sim, Toyota, a arquirrival da GM.

Os três protótipos da arena são o 130 (que, sinceramente, não achei nada bonito e muito menos apelativo junto aos jovens), o 140 e o Chaparral.

O 140 RS é um cupê bem ao estilo da moçada. Parece um notchback. Tem linhas modernas, cativantes, que chamam a atenção e o fazem parecer menor do que é. Ser pequeno, segundo pesquisas feitas pela GM, é um dos fatores de atração para o jovem comprador americano.

Essas pesquisas, aliás, é que levaram ao resultado estético dos três carros mostrados no “Domus”. O 140, que junto com o 130 havia sido apresentado há dois anos, no Salão de Detroit, tem uma missão: suas linhas vão inspirar a próxima geração do Cruze, cuja data de estreia ainda não foi revelada (mas eu aposto que não passa do fim deste ano).

Exterior do ‘Domus’: planetário? Não! Arena dos segredos da GM

Não, pessoal, aquele Cruze mostrado no ano passado não é nova geração. É uma reestilização feita pelo próprio estúdio da China. A nova geração do Cruze mundial (também feito no Brasil) ainda não foi revelada.

PESQUISAS

Chaparral, aposta da GM para o jogo Gran Turismo

Voltando às pesquisas, elas mostraram outras características dos jovens. Eles querem modelos com preço que não passe dos 20 mil dólares. Por isso, essa faixa é o foco da montadora no lançamento de veículos para a moçada. Caso contrário, a juventude vai optar pelos usados – aliás, de 80% a 90% dessas pessoas já fazem isso hoje. A meta é reduzir, e muito, o índice.

As pesquisas também apontaram coisas óbvias. O carro tem de fazer o jovem parecer independente e lhe garantir sensação de liberdade. Coisas bem mais subjetivas que os itens anteriores, evidentemente.

Detalhe do Chaparral: no protótipo, motor a laser é de mentirinha

E, claro, o carro tem de ter bastante tecnologia. Interatividade, principalmente. Nesta parte, surgiu a ideia de fazer o Chaparral. É que as pesquisas apontaram que a juventude é muito ligada aos jogos virtuais.

Assim, a GM, para se afirmar diante da moçada, fez o Chaparral para a nova versão do mais badalado dos jogos de videogame, o Gran Turismo. O protótipo real nada mais é do que um conceito sem motor ou interior. Apenas um exercício, que foi exposto pela primeira vez em novembro, no Salão de Los Angeles, e agora repousa no centro do “Domus” de Warren.

Conceito 130 foi apresentado em Detroit há dois anos, junto com o 140

Já no mundo virtual, ele é um supercarro de corrida que arrasa em La Sarthe, o palco das 24 Horas de Le Mans. Seu painel, aliás, traz o desenho do traçado do circuito francês.

No videogame, ele tem um inédito motor a laser, que também está representado no protótipo da GM, embora seja de “mentirinha”. Além disso, traz  uma posição de guiar revolucionária para um carro de corrida. Como num F-1, o piloto fica quase deitado. Porém, no caso do Chaparral, é de bruços, posicionado ao volante como se estivesse guiando uma moto.

Ao fundo, o palco do ‘Domus’

Continue acompanhando o blog para ver nossos posts sobre Detroit, bem como dicas sobre a cidade. A temperatura por aqui agora, aliás, é de 11ºC negativos e a sensação térmica, de menos 23ºC. A neve cobre a cidade do automóvel e é quase impossível ficar nos ambientes externos.

Nesta segunda-feira ocorrerá o primeiro dia de prévia do Salão de Detroit. Fique de olho aqui e no jornaldocarro.com.br para ver as novidades. Eu e o repórter José Antonio Lemes traremos para vocês as atrações direto do Cobo Hall, o “palco” do evento.